12/06/18

Ontem fui deitar chorando. Não era pela data comemorativa que se aproximava (desculpe ser repetitiva, preciso ressaltar que tenho problemas com elas, sobretudo pela empatia aos menos favorecidos, dessa vez nem consigo distinguir de qua lado estou!), a tristeza derivada de uma crise financeira. Corriqueira.

Sonhos ruins – Noite mau dormida – Amanheci com dor de cabeça.
Cronograma esperado.
Segue o dia.
Café com leite na caneca, microondas. Tirando a caneca, esbarrei na lateral, sujeira! Coloquei na pia, ardeu a mão pois estava quente, derrubei mais um pouco. Mudei para o outro lado para limpar os dois primeiros, virei a caneca, derrubou na pia todinha, outra parte escorreu no gabinete, outra em toda minha roupa e mais um tanto no chão. Achei que a caneca era de 200ml mas que nada, ali tinha ao menos 2 litros, tenho certeza!
Mais tarde pediatra de rotina dos filhos. Espera. Criança agoniada. Correm pra lá, correm pra cá. O já esperado tombo. Um joelho ralado, sangrando, com muito choro. Mãe dá colo ali. Precisando de colo aqui. Consulta. Depois vacina. Filho faz um escândalo memorável (como em todas as outras vacinas). Mãe correndo atras de filho que foge pelos corredores. Conversa. Prende no colo com os braços e as pernas. Ouvido doendo de choro em alto timbre. Vergonha. Na saída olhei para trás e vi a cadeira em que eu estava, vazia. E nela me vi. Me vi minutos atrás. Queria poder ser duas e uma voltar e segurar a mão da outra, envolver o braço em suas costas e dizer baixinho: está tudo bem, vamos ficar bem!
Ai marcando o retorno descubro que o médico que acompanha meus filhos, 14 anos de parceria, vai se aposentar. Como lidar com isso? Me senti bem órfã. Já passei com outros, fui e voltei. Ele nem é tão bom. Mas sou apegada. Doeu.
Voltando pra casa, no caminho o filho tropeça. O brinquedo que estava em sua mão cai e vai embora no bueiro. Filho chora inconsolavelmente. O irmão chora junto pois o brinquedo era dele. Eu já zonza de tanta choradeira, nem conseguindo raciocinar, enfio o pé em uma gigantesca obra de algum pobre cachorrinho que estava com dor de barriga. Meu pé de sandália, ficou todo recheado. Seguimos os três de mãos dadas chorando para casa.
Mais briga, mais choro. Esquentei as bundas, esbravejei tentando aliviar minhas próprias tensões. Queria descansar. Fui pra realidade combo casa/ comida/ roupa pra lavar de cada dia que a vida adulta nos da hoje.
Fim do dia, fui pegar um copo no escorredor, algo veio junto. Meu pior pesadelo esteve entre meus dedos. Uma lagartixa. Não tenho medo, medo é muito pouco pra expressar, pavor ainda é pouco. Joguei o copo e a dita bem longe. Dei um berro que certamente pode ser ouvido la no quinto. Tive um ataque. E muito vômito. Mais cedo pensei que precisaria amputar o pé. Nesse momento, a mão. Queria abandonar aquela cozinha pra sempre. Mudar de casa, de rua, de cidade, de continente, de planeta, de plano terrestre. A família precisa de janta. Eu tive que voltar lá e fingir que eu era forte.
Sobrevivi ao dia dos namorados sendo só. Sendo mãe só. Lembrando que muitas vezes fui só, muito só, mesmo estando acompanhada. Tive alguns bons. Sempre gostei mais de valorizar os gestos dos dias comuns, dos dias de moletom, cobertor e rotina. Nos últimos nem tinha mais os dias especiais, nem normais, nem nada pra comemorar. E agora tem isso, de eu me descobrir, me ninar, me preencher.
O dia dos namorados mais marcante que vivi foi em 2.003. Havia acabado de completar 18 anos, tinha minha preciosidade na barriga, 5 meses de gestação, o pai dela por ai, eu sofrendo desesperadamente. Vendo casais apaixonados por todos os lado, voltando pra casa depois de um dia longo de trabalho, no metrô, um casal bonito se curtindo, um buquê de colombianas maravilhoso. Eu com meu choro largado. Lágrimas como correntezas incontroláveis. Sozinha e triste. Certa da minha invisibilidade diante de tantas demonstrações de afeto. Ai, quando eu menos esperava, o mocinho na hora de desembarcar com sua amada, tirou uma rosa daquele arranjo e me deu com um belo sorriso e olhar gentil. O meu melhor momento de dia dos namorados da vida todinha veio daquele gesto doce de um rapaz que eu nem conheço mas guardo pra sempre no coração.
Sim, é lindo o amor! Ele tem muitas formas! Ame! Se ame! Permita ser amado! Respeite o amor alheio! Celebre todo dia! Ria de suas desventuras!

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